Jaderci de Oliveira Terra assumiu interinamente a Câmara |
De
acordo com informações do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES), na
tarde de hoje ocorreu uma reunião entre cinco vereadores de Presidente Kennedy
e o presidente do TJES, desembargador Pedro Valls Feu Rosa, para tratar da
situação da cidade. Os vereadores foram notificados do pedido de intervenção
feito pelo Ministério Público, tendo o prazo de até 15 dias para se manifestar
acerca da notificação.
De
acordo com o TJ, os vereadores comunicaram que estariam retornando ao município
para decidir, entre eles, a nova Mesa Diretora da Câmara Municipal, visando à
regularização do funcionamento dos serviços públicos do município.
O
novo presidente da Câmara assumirá a prefeitura e o vice-presidente ficará no
comando do Legislativo.
Ainda
segundo o Tribunal, os vereadores não darão nenhuma entrevista até a completa
definição do quadro institucional em Presidente Kennedy.
ENTENDA O CASO
Operação 'Lee Oswald': entenda o caso e a ação da Polícia
Federal
Letícia Gonçalves
Rádio
CBN Vitória (93,5 FM)
O
prefeito de Presidente Kennedy, Reginaldo Quinta (PTB), e seis secretários
municipais foram presos pela Polícia Federal na manhã desta quinta-feira (19).
Outras 21 pessoas também estão atrás das grades. A operação Lee Oswald contou
com 230 policiais e surpreendeu o prefeito em casa.
Ele
é apontado como líder de uma quadrilha que fraudava licitações na cidade. A
sobrinha de Reginaldo Quinta, Geovana Quinta Costalonga, também está entre os
presos. Ela acumulava três secretarias – Educação, Assistência Social e
Habitação – e é apontada como uma das integrantes do esquema.
Reginaldo Quinta |
Quatro
vereadores de Presidente Kennedy, entre eles o presidente da Casa, Dorlei
Fontão da Cruz, foram afastados das funções.
A
Controladoria Geral da União (CGU), o Ministério Público Estadual e o Tribunal
de Justiça do Espírito Santo também atuaram na operação.
A
Controladoria analisou 21 contratos da prefeitura com empresas, no valor de R$
55 milhões no total. O coordenador-geral de Operações Especiais do órgão,
Israel Carvalho, em quase todas as licitações que deram origem aos contratos
houve direcionamento para que uma determinada empresa vencesse a concorrência.
Além disso, foi verificado sobrepreço de R$ 9,5 milhões nos contratos.
O
esquema
Os
serviços previstos nos contratos variavam de coleta de lixo a fornecimento de
pessoal administrativo. As empresas contratadas pela prefeitura para
executá-los, no entanto, eram escolhidas antes mesmo da abertura da
concorrência via licitação.
De
acordo com o superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, Erivelton
Leão de Oliveira, o esquema consistia em elaborar editais de forma que uma
empresa, previamente escolhida, vencesse a disputa. “Era um jogo de cartas
marcadas”, afirmou o superintendente.
As
empresas que faziam parte do grupo combinavam os resultados entre si e
simulavam a licitação. Representantes de empresas que não estavam incluídas no
esquema eram coagidos.
Em
um dos casos uma empresa escolhida para vencer a licitação para um contrato de
coleta de lixo na cidade mudou de atividade somente para poder concorrer. Do
ramo de seguros, ela passou a ser, ao menos no papel, uma empresa de coleta de
resíduos, como cita o superintendente.
“Essa
empresa de seguros, poucos dias antes da licitação, fez uma alteração
contratual para poder participar”.
Prefeito
O
prefeito Reginaldo Quinta foi flagrado em conversas gravadas durante a
operação. De acordo com o delegado da Polícia Federal Álvaro Rogério Duboc
Fajardo, uma dessas conversas é utilizada como evidência da participação dele
no esquema.
“A
primeira evidência de participação dele é a articulação em torno de um
empresário que perdeu uma licitação. O empresário, com receio de ter algum
problema na implementação do contrato,
pede ao prefeito para que o contrato seja implementado imediatamente. O
prefeito concorda e no dia seguinte o contrato está implementado”.
Sobrinha
Prefeito e sua sobrinha, Geovana Quinta Costalonga, |
Já
Geovana Quinta Costalonga, sobrinha do prefeito, além das três secretarias
municipais que chefia, é a aposta de Reginaldo Quinta para as eleições deste
ano.
“Ela
estava sendo preparada para ser a herdeira política do prefeito caso ele não
pudesse se candidatar à reeleição, uma vez que responde a processos por
improbidade administrativa. Ele responde justamente em razão de processos
licitatórios fraudados no município”, afirmou o delegado.
Contrato
de 18 milhões
Presidente
Kennedy é o município do Espírito Santo que mais recebe dinheiro proveniente
dos royalties do petróleo
Um
contrato chamou a atenção durante as investigações. Com o valor de R$ 18
milhões por ano, o objetivo era contratar funcionários para atuar como apoio
administrativo na prefeitura. Mas os valores dos salários estavam acima da
média do mercado, como afirma o representante da Controladoria Geral da União,
Israel Carvalho.
“De
acordo com a convenção da categoria, o salários variam de R$ 700 a R$ 2,5 mil. Eles foram
contratados com salários de até R$ 5 mil”.
O
delegado Fajardo ressalta ainda que, após a assinatura de um termo com o
Ministério Público Estadual, a prefeitura deveria demitir servidores
comissionados. Para realocá-los na administração, a alternativa era a
contratação dessas mesmas pessoas por meio de empresas terceirizadas.
É
também na indicação de cargos que os vereadores da cidade atuavam. “Eles
fizeram um loteamento político indicando pessoas para ocupar vagas de emprego.
Interferiam diretamente, junto ao prefeito, para conseguir vagas”.
O
delegado diz ainda que os parlamentares foram omissos quanto à corrupção no
Poder Executivo.
Cidade rica x Cidade pobre
Presidente
Kennedy é o município do Espírito Santo que mais recebe dinheiro royalties do
petróleo. Somente em 2011 foram R$ 98 milhões. Com pouco mais de 10 mil habitantes,
a renda percapta chega a R$ 97 mil.
Mesmo
com tantos recursos, Kennedy está no 74º lugar, entre os 78 municípios
capixabas, quando o assunto é desenvolvimento humano. “É um município rico, mas
carente em serviços públicos, como educação. É uma cidade de contrastes”,
sentenciou o superintendente da Polícia Federal.
Presos
Foram
presos nesta quinta-feira, além do prefeito Reginaldo Quinta, os secretários
municipais Geovana Quinta Costalonga (Educação, Assistência Social e
Habitação), Márcio Roberto Alves da Silva (Meio Ambiente), Juliana Fontão
(Administração), Major PM Fabrício Martins (Segurança), Flávio Jordão
(Transporte e Trânsito), e Alexandre Pinheiro (Desenvolvimento).
Também
foram presos o procurador-geral do município, Constâncio Borges Brandão, os
integrantes da Comissão Permanente de Licitação Jovane Cabral da Costa, Maria
Andressa Fonseca Silva, Sílvia França de Almeida e Charlene Carvalho Sechin.
Os
outros presos foram: Eli Ângelo Jordão Gomes, José Carlos Jordão Gomes, José
Roberto da Rocha Monteiro, Samuel da Silva Moraes Junior, Paulo César Santana
Andrade, Carlos Fernando Zaché, Rodrigo da Silva Zaché, Juliana de Paula,
Alessandra Salomão Rodrigues, Sabrina da Silva Tesch, Fabio Saad Junger, Joel
Almeida Filho, Cláudio Ribeiro Barros, Jurandy Nogueira Júnior e Wallas Bueno da Silva.
Os
vereadores afastados pelo TJES, a pedido da Polícia Federal, foram: Dorlei
Fontão da Cruz (presidente) Manoel de Abreu José Fernandes (vice-presidente),
Clarindo de Oliveira Fernandes (secretário) e Vera Lúcia de Almeida Terra
(presidente da Comissão de Justiça).
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